Estranhos fins de tarde estes em que olho pela minha janela e vejo todo o horizonte enublado por espessas camadas de fumo.
O sol em vermelho escuro não consegue romper por entre estas nuvens, e as faúlhas que silenciosas vão entrando pela janela marcam a sua presença em todas as superfícies.
É estranha esta imagem, a que, dia após dia, estranhamente nos vamos habituando.
São tantos os anos que demora uma semente e fortalecer-se e a formar uma árvore, e tão poucos os minutos para que a sua existencia seja destruída.
Ouvimos o crepitar das plantas a pedir misericórdia pelo seu infortúnio e as suas almas que se elevam no céu em forma de fumo. Soldados da paz vão-se debatendo até á exaustão sem nada poderem fazer. Populações desesperadas tentando defender os seus haveres e os animais esfomeados que vão deambulando pelos terrenos onde antes encontravam prados agora encontram planícies desprovidas de vida.
Tristes almas que provocam tamanha devassidão. Pudesse eu, com as minhas palavras ferir de morte estes assassinos que não compreendem o mal que fazem, que acendem um fósforo motivados por interesses pessoais, e que não entendem o mal que fazem para prazer das suas curtas e miseráveis vidas, mas que vão destruindo toda a existência deste planeta que é a nossa casa.