Á poucos dias ouvi, de uma das pessoas com mais longevidade nesta terra que em tempos idos Arnoso Santa Maria gozava de algum progresso em relação ás freguesias vizinhas. Segundo as suas palavras, a população de Tebosa olhava o céu e via com alguma inveja os cabos que traziam a electricidade para Arnoso enquanto eles permaneciam na penumbra. Mas enfim, são tempos de glória que já lá vão. Parece que entretanto paramos no tempo a contemplar as lâmpadas, fascinados com a electricidade que nos entrava casa adentro e esquecemo-nos de continuar a evoluir. Esta distracção fez com que hoje levemos lições de progresso. Estamos neste momento a dar os primeiros passos em algumas infra-estruturas que eles já têm á anos. É como se estivéssemos a tentar chegar á Lua e eles a voltar de Marte.
Quis em 1960, um ilustre Arnosense deixar gravado no granito de um cruzeiro a expressão “O popule ab arnoso surge et ambula”. Esta expressão, que insiste em permanecer gravada através de gerações, e que traduzida do latim lembra quem por ali passa que “o povo de Arnoso distingue-se e evolui” no entanto esta expressão pouco reflecte aquilo que na realidade temos sido.
Arnoso, “Vila” de Ramiro Pais e terra que deu nome ao título atribuído a um Conde, permanece verdejante, tranquila e parada no tempo. Os Nossos antepassados envergonham-se com que fizemos com o legado que nos deixaram. É tempo de levantar os olhos e termos orgulho daquilo que somos. É bom vivermos numa terra tranquila mas não nos podemos esquecer que existem necessidades básicas que não podemos descurar e que são essenciais ao nosso bem-estar. Também somos guardiões de uma grande carga histórica, que temos obrigação de preservar e divulgar, para que os nossos descendentes sigam o nosso exemplo e não apaguem deste mundo o rasto da nossa existência.
“O popule ab arnoso surge et ambula”